Em mais um episódio do que se configura como um autêntico "show midiático", a CPI das Pirâmides Financeiras parece ter perdido seu rumo original. Conforme seu plano de trabalho estabelece, o objetivo dessa Comissão Parlamentar de Inquérito é investigar operações fraudulentas em empresas que prometem lucros exorbitantes por meio da gestão de criptomoedas.
Contudo, é notável o desvio de foco para casos recentemente amplificados pela mídia, como os da 123 Milhas, uma agência de passagens aéreas, e da Blaze, um cassino online. Estas organizações não possuem relação com o universo das criptomoedas. Além disso, diversas celebridades foram chamadas a depor.
O Papel das Celebridades
As celebridades podem ser categorizadas em dois grupos: aqueles que apenas fizeram publicidade para empresas cuja idoneidade ainda era desconhecida e aqueles que eram sócios de empresas que angariaram investimentos.
Recentemente, a CPI solicitou a condução coercitiva de Ronaldinho Gaúcho após sua segunda ausência, motivando sua defesa a recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Ele foi chamado para esclarecer suspeitas de envolvimento em fraudes com a empresa 18k Ronaldinho. Renan Bolsonaro também foi convocado, por ser embaixador e sócio da empresa Myla Metaverse, cujo token sofreu queda acentuada pouco após seu lançamento.
Publicidade e Seus Reflexos
Quando celebridades como Tatá Werneck, Marcelo Tas e Cauã Reymond são envolvidas, o espetáculo midiático ganha ainda mais visibilidade. É inegável que celebridades, com sua vasta influência, devem ser mais responsáveis ao endossar qualquer tipo de investimento. Porém, qual é a contribuição real dessas figuras à CPI, considerando que atuaram apenas como divulgadores?
Marcelo Tas, um dos convocados, questionou: "Será que todo mundo que fez propaganda para as Lojas Americanas deveria ser chamado à CPI?"
Nessa linha de raciocínio, a defesa de Tatá Werneck argumenta que punir artistas por erros futuros de empresas para os quais tenham feito propaganda poderia representar o fim da publicidade no Brasil.
A CPI está Perdida?
O primeiro questionamento que se impõe é sobre a relevância da 123 Milhas e da Blaze em uma CPI destinada a investigar fraudes em criptomoedas. O desvio de foco torna questionável a eficácia da CPI, especialmente quando se nota o limitado conhecimento dos parlamentares sobre o mercado de criptomoedas.
As sessões transmitidas mostram uma lamentável falta de entendimento sobre o tema, evidenciada por equívocos terminológicos por parte de alguns deputados. Como esperar que uma investigação dessa envergadura seja conduzida adequadamente sob tais circunstâncias?
Criptomoedas Não São o Vilão
O Brasil já enfrentou vários esquemas fraudulentos sem relação com criptomoedas, como Fazendas Reunidas Boi Gordo, Avestruz Master e Telexfree. É crucial esclarecer que o verdadeiro problema não são as criptomoedas em si, mas o uso inadequado e ilegal feito por algumas empresas.
Foco na Justiça, Não no Espetáculo
Embora a atenção da mídia seja útil para conscientizar sobre fraudes, a missão primordial da CPI deve ser a busca pela justiça e a prevenção de futuras irregularidades. Isso significa conduzir investigações de forma objetiva e justa, visando à verdade e à responsabilização dos culpados, em vez de se montar um espetáculo para as câmeras. Cabe questionar se o verdadeiro objetivo da CPI está sendo, de fato, alcançado.
Por Ana Paula Rabello e Gabriel Rother Candido
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